Uma mistura de Peônias, Morango e Alcaçuz
era a fragrância que emanava das mechas de seu cabelo que pinicavam seu rosto
furtivamente enquanto Maya acelerava o passo. Fora um dia difícil e um caos
instalava-se dentro dela. Ouvia-se a brisa e lá estava a lua explodindo em um
brilho sobrenatural, cheia e linda, iluminando o caminho terroso e longo
percorrido por ela ao sair da universidade em direção a casa. Uma, duas, três
finas lágrimas, apenas por achar que só haveria aquele momento pra chorar,
aquele momento pra contemplar a si mesma e o céu estrelado particularmente
maravilhoso. A morte estava rondando-a, as inseguranças, os questionamentos, as
novas descobertas e as perdas, ah, as perdas sempre estão lá, são melhores amigas da distância, confidentes e
traiçoeiras. Pois Maya fora católica, se batizou, fez primeira comunhão e
crismou-se, hoje sentia-se enojada de tal entidade e religião, vira tanta
barbaridade lá dentro (de certo também vira amor) mas isso fora ha tempos,
percebera que não era uma pessoa manipulável e Aquele que vem é humanamente
indescritível ainda que alguns tomados por um falso poder O descrevem, então
sua espiritualidade tomou um rumo oposto ao da religião. Ao percorrer o caminho
para casa, ela pensava no dia e em como se sentia impotente por não poder
desvendar a morte, e por não poder desvendar a vida. Queria ser capturada pelas estrelas que pairavam sobre sua cabeça, queria que a dor não batesse
tão forte sobre os bons corações, queria que o
Brasil não deixasse de lançar seus gritos de justiça sobre aquele Estado podre
e esmagador sob o qual vivera, queria que não houvesse aula para que o ego dos
professores não amargasse tanto em seus lábios, queria que abraçar alguém que
estava longe fosse possível apenas por querer, e ela queria, queria saber mais
sobre amar, discernir, ouvir, decidir. O livre-arbítrio é caro! Antes agir por
medo! Medo do inferno, da igreja, do Estado, da mídia, das pessoas, talvez seja
essa a porta larga a qual Jesus refere-se, por que talvez também a porta
estreita seja pensar por si só, seja amar apesar do
peso esmagador do mundo sobre seus ombros, é mais apertado de passar
por que te julgam por ser negro, por amar alguém do mesmo sexo, por preferir
sertanejo a rock, é mais apertado porque quando você questiona, só a sua fé em
você mesma e naquilo em que acredita, podem te salvar da prisão que o medo é.
Maya as vezes o encontrava, o medo, ele a freava, queria dançar tango com ela
ainda que o desafiasse dezenas de vezes todos os dias. Suas crenças passadas e atuais chocavam-se aquela noite, ao
menos ela achava que aquele era o caminho por que não se permitia perder pra
morte, baseava suas escolhas na felicidade ainda que seus pensamentos e
dúvidas fossem eternos, a vida não era, portanto assim a gastaria, tentando a
felicidade, descansando a dor que as vezes vinha a tona nas ruas tomadas de
solidão. Tentando ser feliz, mesmo querendo
tanto, mesmo mudando tanto, mesmo vivendo.
Coisa linda, Mah! Me vi em Maya por um momento, num emaranhado de descobertas e descobertas, da inquietude que é esse medo e a vontade de enfrentá-lo, desse desejo absurdo e absoluto de tentarmos ser feliz, de entender não o que os outros dizem, mas o que nosso coração nos diz, o que Ele diz, e tentar compreender com a alma, mesmo numa vida tão corrida que mal nos dar o luxo de sentir. São dias duros, minha amiga, mas se a vida joga duro com a gente, não há outra alternativa a não ser jogar duro também com ela. E redescobrir-se, e resonhar-se, e reencanta-se, como você mesma disse "amar apesar do peso esmagador do mundo sobre seus ombros"; no fim das contas, eu, que pouco sei da vida, do mundo e Dele, acredito nisso mais do que qualquer coisa, e sei que a esperança, pode até ser fugaz, mas como as estrelas que por mais que se queira, não nos captura, paira sobre nós, e nos tinge de cor . A cor da liberdade, da esperança e do amor, e há de ser colorido belo, e se não for, vamos lutar para que cada dia que passe assim o seja... Não sei se existe melhor forma de utilizar o livre-arbitrário que não seja manifestar amor em todas as suas formas, é vivendo!
ResponderExcluir"São dias duros, minha amiga, mas se a vida joga duro com a gente, não há outra alternativa a não ser jogar duro também com ela." Concordo em grau e em número! Obrigada por ter lido *-*
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