Guilherma despiu a toalha branca que
cobria seu corpo, ligou o chuveiro na temperatura mais alta possível só para
estar em sincronia com a intensidade dos seus sentimentos. A água fazia um
caminho contínuo sobre sua face, boca, seios, umbigo, coxas, e a maquiagem
pesava sob suas bochechas tal qual seu coração que estava em reparo. O batom
vermelho precisou ser limpado por seus dedos algumas vezes até ser diluído
junto com o rímel e lá estava ela de volta a quem realmente era! Era uma moça
no corpo de mulher, era cabelos longos e negros que se estendiam pelas costas.
Tão inteligente, com olhos que pareciam guardar todo o mistério do mundo, olhos
atemporais com tão poucos anos de vida e uma mala de experiência que só
carregam os que estão sempre em mudança. Escorria também seu coração e ela
gostaria de continuar embaixo da água pelo resto da noite, mas, havia um
vestido preto esperando por ela assim como a vida que esperava que ela seguisse
em frente. Saiu, secou o cabelo, perfumou todo o corpo e colocou o vestido; ele
valorizava sua fina cintura, grossas coxas e seis fartos. Dessa vez iria sem
maquiagem ainda que não quisesse ir, pensamentos borbulhavam em sua mente,
parecia uma sopa de todo amor e decepção que sentia. Auto-confusão. Guia, como
seus amigos a chamavam, era uma prostituta, odiava dar mas se vendia
facilmente. O que dava? Seu tempo, ela não vendia o corpo mas compartilhava a
alma com aqueles que a encantavam. Os homens e mulheres a compravam com humor,
inteligência, autenticidade e aí a roubavam também. Aquela noite ela se culpava
tanto por ser uma puta de marca maior... Fora comprada, presa, conquistada por
um babaca qualquer e ele a esperava lá embaixo, louco pra beijá-la na boca,
para tirar sua lingerie e fazê-la sua. Mas Guia já não se queria mais assim,
tão amante, tão devota a cuidar de alguém que só queria seu corpo e foi
descendo o único lance de escadas. O clima era frio, um céu sem estrelas,
ventava bastante e ele abriu a porta do carro pra ela, os olhos se cruzavam
querendo dizer coisas diferentes e Mars tocava ao fundo. Ela queria dar pra
ele, queria ser sua, estar perfeitamente encaixada ao seu corpo, em seus braços
e tudo isso vinha com o amor. Ele só queria fodê-la, beijar aquelas coxas,
chupar aqueles lábios, e tudo isso vinha com tesão, somente. Guia tão esperta,
tão mulher. Gustavo tão esperto, tão menino. Era tudo partida, estava tudo
partido e ela não queria sentimentalismo (a não ser que ele a implorasse para
ficar) só queria acabar com aquilo, tirar o vestido e dormir peladamente confortável
e não mais se sentir usada. Guia se sentira quase sempre assim, era como eles
geralmente a queriam mas ela ia tão além que sobrava... Sobrava nua, com uma
taça de vinho e o coração espremendo-se dentro do peito. Então sentou sobre as
pernas de Gustavo, desenhou o contorno do próprio corpo com os dedos dele e
comandou a pulsação sempre que rebolava e mordia gentilmente sua bochecha.
Entregou os pontos. Entregou sua desistência ali no colo dele, de onde saíra
deixando-o excitado. A partir dali seriam caminhos diferentes, sua boca
confessou todo amor e tesão que inundavam seu corpo e seus olhos mostraram-no
todo o descuido em que ela estava afogada. - Não! - Era a palavra de Guga,
era sempre ela e Guia deu-lhe adeus, voltou para o quarto, deitou de vestido e
nem sequer uma lágrima derramou, apenas pegou um caderno e tomou notas de toda
a dor que secamente sentia.
segunda-feira, outubro 14, 2013
sábado, outubro 05, 2013
Ninguém é perfeito, mas, aprecio quem é coerente em
suas próprias ações. Conheci um cara que só me deixou uma dúvida: eu o conheci
e ele mudou ou nunca o conheci e ele não se dá mais ao trabalho de esconder
quem realmente é? Não se trata apenas de um fim de afetividade ou
relacionamento, mas, odeio pessoas que fingem ser quem não são e parece que sou
imã para esse tipo de gente. Sou doida e tenho minha infinidade de defeitos mas
sou profundamente agradecida a mim mesma e a Deus por nunca esconder de ninguém
quem realmente sou. Me ferro, mas falo o que penso na cara. Me ferro, mas se
não tô afim de sair: não saio. Me ferro, se quero dizer que te amo e quero
você: eu digo. Me ferro, mas se te quero bem te trato bem. Me ferro, mesmo que
você tenha me feito mal. Me ferro, mas se me pedem a opinião, sou honesta. Me
ferro, se me chamam pra sair e tô sem dinheiro, eu digo: tô lisa. Me ferro, se
o cara quer e eu não quero, digo: não te quero. Me ferro, quero falar de sexo:
falo. Me ferro, não quero mais andar de mãos dadas, dar risada da piada, dizer
que amo Beatles sem amar: não ando, não sorrio, não digo. Portanto que mal há
em retribuir algumas verdades? Vou puxar um fio solto de outro pensamento e
creio que há muitas pessoas que não sabem amar. Elas amam mas ainda são
troncos, estão um pouco longe do amadurecimento. O tronco é forte, é
sustentação, preparação pro que vem de belo, pra galhos maiores, sombras frondosas, frutos doces,
e tenho encontrado uma porção satisfatória de tocos na minha vida. Mas para
tudo há um tempo, creio fielmente nisso e o tipo de árvore que a pessoa se
torna é um combo de [Escolhas + Tempo + Sabedoria + Amor + Pegada], juro que
queria conseguir comprar um assim no Mc Donalds mais próximo. Tô conhecendo um
cara que só me deixou uma dúvida: tronco ou árvore?
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